14 de julho de 2016

Mora...

Mora na minha casa, nos meus pelos, nos meus apelos, mora dentro da minha calça, da minha mala, dos meus desejos distraidamente grotescos. Sei lá, mora em mim, mora nos meus dentes quando eles sorrirem, mora nas minhas lágrimas quando elas insistirem em cair e sem querer terminarem na minha boca. Mora essa tua mania chata de ser um sossego enquanto eu sou só desespero, constrói pra gente um lugar legal e mora comigo. Voa com os pterossauros dentro do meu estômago e jura pra mim que essa baderna que cês fazem aqui dentro, na tua língua se chama amor! Quer saber, mora tua língua na minha boca, mora teus dentes na minha coxa, qualquer coisa do tipo. Só impregna em mim esses teus defeitos, esses teus olhos desatentos de medo e calor, mora isso tudo nas minhas pernas e fica, fica comigo, com os meus excessos, com o meu mau gosto na hora de escolher aquela porcaria de comida indiana que você gosta tanto e eu nunca fui fã. Mora na minha vida, nos meus dias nublados, na minha falta de jeito em fazer poesia, quando na verdade eu só preciso olhar nos teus olhos pra me sentir em casa.
-nb- @CADEMEUFRED



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