Que possam se doer em paz os que sofrem: por angústias existenciais, desamor ou
qualquer coisa que pareça banal.
Que possam, simplesmente, silenciar e não sorrir
naquele dia.
Que possam entrar em contato profundo com o trecho machucado de sua
vida, com a garganta magoada pelo choro engolido, com a vontade da desistência.
E que,
a partir disto, possam qualquer coisa, inclusive decidir o que fazer com isso: pode ser que
tanto, pode ser que nada.
Mas, sobretudo, que percebam a não obrigação de cumprir o
imperativo milenar do “reaja, melhore esta cara, vamos viver!”, pois a vida é esta poça de
lama também.
Então, que sejam respeitados em sua dor os que sofrem e que não sejam
importunados senão por um abraço, ou talvez nem isso.
Respeitem seus cansaços. Não
cobrem luz da sombra.
Que possam se doer em paz enquanto seres sentimentais: ao
menos não fizeram uso de anestésicos emocionais."
— Marla de Queiroz.
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