"Foi muito lindo você ter vindo sempre sorrindo, dizendo que não tem de quê. Eu agradeço você ter me virado do avesso e ensinado a viver. Eu reconheço que não tem preço gente que gosta de gente, assim, feito você."
"Quando você me deixou, meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci. Mas depois, como era de costume, obedeci."
"Fiquei olhando, também, através da janela, para o horizonte de um azul tão pálido que se tornava difícil distinguir a linha divisória. E eu pensei: enquanto existir isso, enquanto eu estiver viva e puder contemplar este sol e este céu sem nuvens, enquanto isto existir, não poderei ser infeliz."
"Dizem por ai, mas não tenho certeza, que meu sorriso fica mais feliz quando te vejo, dizem também que meus olhos brilham, dizem também que é amor, mas isso sim é certeza."
"Talvez eu chore se você não voltar. É que eu me apaixonei, me apaixonei sem perceber. E agora já não me imagino sem você. E você, ainda pensa em mim?"
"Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre! Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos! E apesar de saber de tudo isso. Por que algumas dores duram tanto?"
"Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita. Não há quem não feche os olhos ao beijar. Não há quem não feche os olhos ao abraçar. Fechamos os olhos para garantir a memória da memória. É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras. Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo. O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória. Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível. Viver é boiar, recordar é nadar."
"Entra pra ver como você deixou o lugar e o tempo que levou pra arrumar aquela gaveta. Entra pra ver, mas tira o sapato pra entrar. Cuidado que eu mudei de lugar algumas certezas pra não te magoar. Não tem porquê. Pra ajudar teu analista: “Desculpa.” Mas se você quiser alguém pra amar ainda hoje não vai dar, não vou estar, te indico alguém. Mas fica um pouco mais, que tal mais um café? Ainda lembra disso? Que bom, mas se você quiser alguém pra amar…"
"Mas na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a gente pode na morte sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há platéia."
"A noite era clara; fiquei cerca de uma hora, entre o mar e sua casa. A senhora aposto que nem sonhava comigo. Entretanto, eu quase que ouvia sua respiração. O mar batia com força, é verdade, mas o meu coração não batia menos rijamente; com esta diferença que o mar é estúpido, bate sem saber por quê, e o meu coração sabe que batia pela senhora."