“Ah, e uma mulher tem que ter um pouco só dela. Senão fica igual a todas as outras. Tem que ter aquela coisa que sirva de identificação ou apelido. Que venha dela e se mostre timidamente a quem conseguir devorá-la ou desvendá-la. Tem que ter seu quê de cor de pele ou cor de cabelo. E sem essas outras identificações muito específicas. Porque homem não sabe, e nem vai saber distinguir sua mulher pela cor do esmalte. A gente sabe a mulher que tem – ou que quer ter – pelo cheiro do pescoço, pelo chamego gostoso, pelo jeito com que ela anda de chinelo e moletom na rua. Por chamar de morena, ou minha loira, ou ruivinha, ou meu amor. Uma mulher tem que ter tudo o que puder. E tudo o que quiser. Porque, cá entre nós, não importa muito o que a gente queira que ela tenha. Quem decide no final é ela mesma. E a gente só acaba tendo uma delas se elas mesmas quiserem nos ter.”
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