O amor não é grande no barulho, é suave na
entrega.
O amor não fala alto, não avisa a todos.
Ele nem quer sair da cama,
para não acordar os passarinhos na sacada.
O amor não grita.
Nunca.
Não aumenta
o volume do seu desejo, ele não confere o troco.
Volta para casa pobre, e cheio
de universo para celebrar.
O amor nem tem hora de dizer o que é, escreve
um livro inteiro de sonhos enquanto espera o outro chegar.
O outro amor, ou o
mesmo amor, para variar.
O amor é de quem é muita coisa em si, que perfuma com
cheirinho de bolo de fubá sempre que aquela bendita hora chegou a hora de
chegar.
O amor é aquele sorriso que ficou na esquina da
porta do elevador, é metade de um segundo que enxergou seu corpo por baixo do
algodão recém lavado.
E ouviu ele sussurrar.
É uma arte mirabolante, é a mágica
da varanda da casa.
O amor é um truque sem mistério, complexo e simples, para
nunca se desvendar.
O amor é a caixinha de canetas coloridas, é a
casa na árvore de pensar.
Ele pode não existir em tudo que é meu, e num instante
desabrocha com apenas uma gota de mar.
Uma gota de amar.
O amor olha através da
boca e fala pelo olhar.
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