25 de dezembro de 2011

Célia Sena

 

Sopra, vento,
e carrega além daqui
o que me vai no pensamento;

Corre, água,
e deságua a mágoa no além mar
dessa ausência, demência que me afoga;

Passa, nuvem,
e desliza meu desejo
de querer quem eu não vejo;

Volta, tempo,
e devolve pra os meus braços
os abraços, laços, lentos;

Olha, Deus,
esta tua criatura
com pecados, nada pura
que suspira, chora, inspira.

Concede-me um milagre
e deixai ser, esse amor
que desde sempre já é.
Fazei vinho, do vinagre
e batizai a minha fé.


Célia Sena

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