Ela vagava pelas esquinas da cidade, sem um rumo certo. Olhou de relance uma livraria logo a sua frente, e resolveu entrar. Não sabia ao certo porque quis entrar. Procurava por um livro, talvez. Mas é claro! O que mais se procura ao entrar em uma livraria? Bom, para ela, havia outro sentido. Ela procurava paz. Ela procurava refúgio. Não sabia onde acalmar seus pensamentos. E ela gostava de ler. Também costumava escrever, mas sua inspiração havia ido embora. Ele havia ido embora. E então, só restou a leitura, embora a vontade de ler já não fosse tão grande assim. Ela caminha por entre as prateleiras da livraria. Acha um livro qualquer, senta-se, e começa a ler. Na livraria tocavam músicas suaves, e baixas. Ela não prestava atenção as músicas. Estava atônita demais lendo o livro que havia escolhido, nada conseguia tirar sua concentração, as coisas ao redor não mais existiam. Até que uma música chama sua atenção, e finalmente a desprende da leitura. Era a música deles. Era a música preferida deles. Eles costumavam ouvi-la juntos, canta-la juntos, e em dias mais alegres, até dançavam-a juntos. Ao ouvir aquela música, depois de tanto tempo, passou em sua mente um filme, de tudo aquilo que eles haviam passado juntos. Todos as conversas, todas as risadas, todas as brincadeiras. Desde o momento em que se conheceram, até quando se relacionaram, e até mesmo depois disso, quando se afastaram um do outro. Lembrou então do motivo pelo qual haviam se separado. Quando se deu conta, já não mais estava a ler aquele livro. Estava a chorar.
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